Gosto de filmes que se apresentam com interrogações. Mas, definitivamente, adoro filmes que se despedem com interrogações. Cópia fiel é um filme intrigante, uma experiência com uma narrativa bastante incomum. Desde a primeira cena há algum tipo de expectativa criada, de deslocamento. A pulga vai se instalando desde então, e a sensação sutil, de incômodo ou curiosidade, vai aumentando até que você se veja perguntando a cada minuto se sabe o que está acontecendo. Felizmente, a inquietação cresce junto com a atuação arrasadora de Juliette Binoche, que está maravilhosa na alternância entre desarmada, quase desleixada e dona de um jogo que não se sabe bem onde vai dar. Melhor ainda, o que poderia funcionar com o oposição acaba sendo um espelhamento de semelhanças. A certa altura, nos perguntamos: faz diferença entender de qual lado se está, se fato ou fantasia? O espelho, tão bem usado em várias cenas, mostra afinal a que veio: nos faz refletir.